Ministro de Lula usa dados falsos para gastar R$ 385 mil do Fundo Eleitoral

Para justificar viagens de helicóptero, Juscelino Filho usou nomes de um casal que dizem não conhecer o político

O ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho (União Brasil), apresentou à Justiça Eleitoral informações falsas para pagar com dinheiro público 23 supostas viagens de helicóptero feitas durante sua campanha a deputado federal, no ano passado. A informação foi revelada nesta terça-feira, 31, pelo jornal Estado de S. Paulo.

Ao prestar contas, Juscelino informou que todos os voos foram feitos por três “cabos eleitorais”. No entanto, segundo a reportagem, os nomes apresentados por ele são de um casal e de uma criança de 10 anos, que moram em São Paulo. A família disse não conhecer o político.

Com a lista falsa de passageiros, o ministro justificou o pagamento de R$ 385 mil do Fundo Eleitoral para sua campanha.

Juscelino Filho informou à Justiça Eleitoral que os três “cabos eleitorais” fizeram as 23 viagens pelo Maranhão durante 16 dias, entre agosto e setembro do ano passado. O casal e a filha teriam passado por 14 cidades diferentes. Segundo o ministro, entre os destinos dos seus três “cabos eleitorais” está a Fazenda Alegria, uma de suas propriedades em Vitorino Freire, no Maranhão.

Os documentos sobre a contratação da Rotorfly Táxi Aéreo, que listam os nomes dos passageiros, foram enviados à Justiça Eleitoral pelo ministro em formulário fora do padrão, com rasuras e misturando informações digitadas e escritas à mão. Os dados foram apresentados a partir de questionamento da Justiça Eleitoral, que desconfiou do vínculo dos passageiros com o comitê de Juscelino.

Passageiros negam ter relação com ministro
Citados na planilha que Juscelino entregou à Justiça Eleitoral do Maranhão, o empresário Daniel Pinheiro de Andrade e sua mulher, Angela Camargo Alonso, de São Paulo, que afirmaram atuar no ramo de decoração, negaram ter relação com a campanha do então deputado do União Brasil.

Andrade disse ao jornal que voou há cinco meses com a Rotorfly Táxi Aéreo — a mesma empresa usada por Juscelino —, mas da cidade de São Paulo para Campos do Jordão. “Provavelmente, usaram meu nome e puseram na comprovação de despesas. Eles pegaram a lista de passageiros do voo que eu voei e replicaram.”

A defesa de Juscelino
À Justiça Eleitoral, os advogados do ministro afirmaram que “todos os voos foram feitos em prol da campanha eleitoral, bem como todas as pessoas que constam nos relatórios prestaram serviços diretamente à campanha”, assinalou a defesa, na prestação de contas.

Ministro usou emendas de relator para beneficiar fazenda da família
O ministro de Lula está envolvido em outra polêmica. Juscelino Filho direcionou R$ 5 milhões das emendas de relator para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à fazenda da família, em Vitorino Freire, no Maranhão.

A informação foi divulgada ontem pelo Estadão. A reportagem afirma que a pedido de Juscelino, os recursos foram parar na cidade, que tem a irmã dele como prefeita, Luanna Rezende.

 

 

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